PESQUISAR

sexta-feira, 29 de abril de 2011

“[…] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.
Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. […] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta (baixa)*, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.
       Antes de me reconciliar com o processo da vida, no entanto, sofri muito, o que poderia ter sido evitado se um adulto responsável se tivesse encarregado de me contar como era o amor. […] Porque o mais surpreendente é que, mesmo depois de saber de tudo, o mistério continuou intacto. Embora eu saiba que de uma planta brota uma flor, continuo surpreendida com os caminhos secretos da natureza. E se continuo até hoje com pudor não é porque ache vergonhoso, é por pudor apenas feminino.
Pois juro que a vida é bonita.” (Clarice Lispector)

* correção de Rebeca Kim


quarta-feira, 27 de abril de 2011

     "Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro." (Clarice Lispector) 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Lucky to have been where I have been

Eu não sabia o que pensava ao ver aquele bebê. Gordinho, cabeludo, com a expressão muito tranquila.

Recém-nascido e recém-operado, não aparentava sentir dor alguma, mesmo com as ataduras por toda as costas. Apenas dormia, casualmente abria o olho e em seguida voltava a dormir.

Os pais da criança a olhavam, tocavam e falavam com ternura, considerando a voz que todo mundo faz quando fala com bebês ou animais bonitinhos.

Bebê sortudo aquele, sem dúvida. Estava muito bem acomodado, cuidado e era muito amado.

Não precisava muito esforço para perceber que as imagens eram um tanto quanto antigas, e ainda por cima tocando uma canção de Michael Jackson ao fundo.

Foi aí que eu me desliguei da análise da criança e voltei pra minha realidade. Revendo uma fita VHS de uma gravação caseira. O bebê era eu. Aí eu disse:

- Tem que avisar que eu não gosto de Michael Jackson.

domingo, 24 de abril de 2011

Dia Mundial do Livro

Ontem, 23 de abril, foi dia mundial do livro. Descobri isso tarde demais para escrever sobre isso, então esperei até que hoje chegasse e eu escrevesse me desculpando e homenageando o dia ao mesmo tempo.

Mas como? Mesmo se eu listar os 20 melhores livros, ou os 100 melhores personagens, ou as 200 melhores passagens, não será suficiente. Vejam, gosto tanto de livros que parece que estou escrevendo sobre o aniversário de algum parente.

Mas é que não consigo definir o que é um bom livro, ou o que causa uma boa leitura, nem muito menos estabelecer uma hierarquia entre histórias maravilhosas. Não é justo com os livros.

Não é justo quase ninguém saber quando é o dia do livro, ou sequer saber que existe um dia para isso. Não é justo que a UNESCO tenha reconhecido o dia do livro apenas em 1996. Não é justo que livros virtuais ganhem mais força. Não é justo que seja caro.

Não é justo que os melhores personagens não existam! Pronto, cheguei no ponto onde eu queria.

sábado, 23 de abril de 2011

    “Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto. Ser intelectual é também ter cultura, e eu sou tão má leitora que agora já sem pudor, digo que não tenho mesmo cultura. Nem sequer li as obras importantes da humanidade. 
[…] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora?
       O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.” (Clarice Lispector) 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Uma noite, um velho Cherokee contou ao seu neto sobre uma batalha que acontece dentro das pessoas. Ele disse:

- Meu filho, a batalha é entre dois 'lobos' dentro de todos nós. Um lobo é mau: é o ódio, a raiva, a inveja, o ciúme, a tristeza, o desgosto, a cobiça, a arrogância, a pena de si mesmo, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, as mentiras, o orgulho falso, a superioridade e o ego. O outro, o lobo bom é a Alegria, a Paz, a Esperança, a Serenidade, a Humildade, a Bondade, a Benevolência, a Empatia, a generosidade, a Verdade, e a Compaixão.

O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu Avô:

- Qual o lobo que vence?

O velho Cherokee simplesmente respondeu:

- Aquele que você alimenta.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Happy Easter

Era quarta-feira, véspera do feriado de páscoa. Coincidentemente era aniversário dela. Apesar disso, para muitos era um dia como qualquer outro, não era?

Ela estava voltando do colégio com um grupo de amigos. 3 meninas e 5 meninos, além dela. Todos unidos para o ataque da tradicional “ovada”. Ela tentou lutar, em vão. Um ovo, direto no cabelo. Dois. Três. Quatro.

Dois dos meninos apenas assistiam e davam algumas risadas, mas nem encostaram em qualquer ovo. Estavam ali porque a galera chamou. Ela, felizmente, levava na esportiva e ria junto com eles. Afinal de contas, eram amigos e era tudo brincadeira, de verdade.

Ao final do “ritual”, todos se despediram e ela foi em direção à sua casa. Notou que um deles ainda estava lá – um dos que não contribuiu com a brincadeira.

- Você não mora para o outro lado? – Ela perguntou.

- É, mas eu te acompanho até em casa… Não to fazendo nada mesmo.

- Vai almoçar menino, tá com fome não?

- To não.

Ela insistiu que não precisava, mas não teve jeito: ele foi assim mesmo. Levou a mochila dela, para que não sujasse tudo de ovo. Foram andando lado a lado, até a casa dela, cada vez mais longe da casa dele.

- É aqui. Muito obrigada! – Ela disse, quando chegaram.

- Por nada! – Ele colocou a mão no bolso da calça jeans, aparentemente procurando alguma coisa. Ela se virou para entrar em casa. – Ei! – Ela olhou-o. Ele parecia ter achado o que estava procurando. Tirou do bolso e estendeu à ela. – Aqui. Outro dia você me disse que adora ferrero rocher, mas eu tava sem dinheiro, então comprei um kinder ovo. – Ele sorriu envergonhado – Fica de páscoa e de aniversário.

- Nossa! Não precisava, sério! – Ela sorriu tão tímida quanto feliz. Havia conhecido-o há poucas semanas! – Muito obrigada, por tudo.

- De nada. Feliz Páscoa e feliz aniversário. A gente se vê por aí.

- Feliz Páscoa. Até mais.

domingo, 17 de abril de 2011

"Saudade é o sentimento que mais me dá medo. Sinto saudade do ontem, saudade do que não vivi, saudade de viver aqueles momentos insignificantes que agora significariam muito. Esse sentimento parece que não tem fim, vai entender..." (Clarice Lispector) 

sábado, 16 de abril de 2011

"Muitos escritores novos dizem que seu maior problema é saber por onde começar. Não é. O maior problema de quem escreve (ou compõe, ou interpreta, ou, principalmente, discursa) é saber onde parar." (Luís Fernando Veríssimo) 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.” (Clarice Lispector) 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Anúncio Publicitário Pedigree

Sabe propaganda no meio do site, dessas interativas? Então, era assim: A foto de um cachorro com a pata esquerda dianteira amputada e os dizeres "Desenhe o que está faltando na vida de Fred" e então você clica na caneta e pode desenhar pela foto.

Eu fui na minha tentativa alegre de desenhar um pote com ração na frente dele, imaginando quantas pessoas desenhariam a pata. Assim que eu comecei a minha obra de arte genial, o próprio anuncio me interrompeu e começou a realizar o desenho dele: Uma pessoa ao redor do cachorro, abraçando-o.

No instante seguinte apareceu a frase "Um dono carinhoso é tudo que qualquer cachorro precisa. Adote"

Eu sorri, imaginando quantas pessoas tolas como eu cometeriam o mesmo erro.

domingo, 10 de abril de 2011

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." (Clarice Lispector)

sábado, 9 de abril de 2011

Postado pela mãe da dona do blog

 

A dona do blog está enlouquecendo galera!!!!!

Hoje ,sábado vim seca para ter uma boa leitura por aqui nesse blog, ou ao menos ler um bom pensamento da Clarice Lispector e....dei de cara com nada . A última postagem aliás foi minha mesmo ! Então decidi avisar aos leitores que a blogueira está verdadeiramente enlouquecendo pelos livros ,estudos e o tempo que sobra ela tira um bom soninho. E agora o que fazer com essa filha NERD???? Preciso de conselhos ,ajuda, etc.....rsrsrsrsr. ela não tem tempo nem para mim.

Vamos exigir que ela escreva mais....gritem por ela....clamem pela sua escrita....REBECA....REBECA....REBECA...cade voce?????

quarta-feira, 6 de abril de 2011

um pouco de uma mãe meio doida....meio enrolada....corrida....de tudo um pouco

 

segunda-feira: acordo ás 5:30, faço o café para nós treis, coloco em cima da mesa junto com a merenda da escola . Acordo a bela adormecida que de olhos fechados eu coloco seu uniforme completo, vou acordar o João...e retorno ao meu quarto para me arrumar.Saímos de casa 6:25 rumo ao colégio. Ás 7:05 atendo minha primeira paciente , ás 7:40 vou para APAE, ás 8:00 começo a trabalhar ....ralação....17:00 saio correndo pois tenho que estar na casa dos meninos ás 17:15 para atendê-los ,enfim termino e chego em casa 19:30 dependendo do trânsito...Chego em casa : banho em Rebeca,comida para Lola, estudar com João,preparar o almoço do dia seguinte, preparar um lanche, lavar a louça, recolher a roupa, atualizar os emails,etc..etc...etc...

terça, quarta, quinta ( nem queiram saber como se passa a minha quinta-feira.....)

sexta-feira: pensam que acabou....nem pensar ....descansar para no sábado fazer a faxina na casa!!!! rsrsrsrsrsr estou cansada só de escrever .

relato da mãe mais feliz do mundo....

minha filha : meu eterno orgulho!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ponto alto de cada dia da rotina atual

Segunda-feira: Meu dia de folga. tiro a tarde para ficar na internet ou dormir como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, por mais contraditório que seja ter folga justo na segunda-feira.

Terça-feira: Explodir coisas no laboratório de quimica.

Quarta-feira: Juntar uma galera para ir almoçar no clube, há poucos metros do colégio. Chegar lá e encontrar outra galera, inclusive o professor. Experimentem tomar conta do restaurante do clube, juntando mil mesas com o professor bem no meio, depois andar pela rua como um grupo hippie alheio à sociedade. Dá vontade de ter mil aulas.

Quinta-feira: Encontrar meus meninos amados do tênis, viro outra pessoa.

Sexta-feira: É sexta-feira por natureza.

E eu já estive com medo de viver esse ano, já estive descontrolada por não dar conta de tudo, mas agora por mim podia ir até o final da vida desse jeito que tá bom. Só para constar: Derrota a gente não conta.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Inacreditável

A situação foi a seguinte: Hoje mesmo, eu estava tentando resolver meus estressantes cálculos de geometria, quando minha mãe chegou em casa.

Após seu metódico ritual de “falar com a cachorra”, “falar com o resto da família”, “contar alguma coisa corriqueira”; eis que eu escuto: “Menina, você não tem mais o que fazer não? Só sabe estudar! Vai  ver novela, você não tem internet não? Não tem ninguém pra você conversar não?”

Eu não sabia se eu ria, se chorava ou se… E então me ocorreu uma idéia genial: “Vou gravar você falando isso e colocar no youtube! No vídeo, declare que você é minha mãe e repita o que você acabou de me dizer.”

E aí meu pai entra em cena, e minha mãe repete o ocorrido “Lu, to falando pra ela, só sabe estudar! Não tem mais o que fazer!”

“Ah é, desde cedo que ela tá aí com esses ângulos!” Ele disse.

Ainda não sei se é pra rir ou pra chorar, eu sei que muita gente da minha idade queria ouvir isso dos pais.

O vídeo não rolou, mas eu juro que é tudo verdade!

A cada mil cliques em 'gostei' = uma cadeira de rodas

domingo, 3 de abril de 2011

"Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava." (Clarice Lispector)

sábado, 2 de abril de 2011

Na terra do 'Se'

"Se quem luta por um mundo melhor soubesse que toda revolução começa por revolucionar antes a si próprio. 
Se aqueles que vivem intoxicando sua família e seus amigos com reclamações fechassem um pouco a boca e abrissem suas cabeças, reconhecendo que são responsáveis por tudo o que lhes acontece. 
Se as diferenças fossem aceitas naturalmente e só nos defendêssemos contra quem nos faz mal. 
Se todas as religiões fossem fiéis a seus preceitos, enaltecendo apenas o amor e a paz, sem se envolver com as escolhas particulares de seus devotos. 
Se a gente percebesse que tudo o que é feito em nome do amor (e isso não inclui o ciúme e a posse) tem 100% de chance de gerar boas reações e resultados positivos. 
Se as pessoas fossem seguras o suficiente para tolerar opiniões contrárias às suas sem precisar agredir e despejar sua raiva. 
Se fôssemos mais divertidos para nos vestir e mobiliar nossa casa, e menos reféns de convencionalismos. 
Se não tivéssemos tanto medo da solidão e não fizéssemos tanta besteira para evitá-la. 
Se todos lessem bons livros. 
Se as pessoas soubessem que quase sempre vale mais a pena gastar dinheiro com coisas que não vão para dentro dos armários, como viagens, filmes e festas para celebrar a vida. 
Se valorizássemos o cachorro-quente tanto quanto o caviar. 
Se mudássemos o foco e concluíssemos que infelicidade não existe, o que existe são apenas momentos infelizes. 
Se percebêssemos a diferença entre ter uma vida sensacional e uma vida sensacionalista. 
Se acreditássemos que uma pessoa é sempre mais valiosa do que uma instituição: é a instituição que deve servir a ela, e não o contrário. 
Se quem não tem bom humor reconhecesse sua falta e fizesse dessa busca a mais importante da sua vida. 
Se as pessoas não se manifestassem agressivamente contra tudo só para tentar provar que são inteligentes. 
Se em vez de lutar para não envelhecer, lutássemos para não emburrecer. 
Se."
(Martha Medeiros)