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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Prefácio da biografia

Minha "carreira" de escritora começa onde a de oradora termina. As palavras dentro da minha cabeça soam perfeitamente bem, mas quando as exponho com a boca, geralmente surte o efeito contrário ao que eu esperava. Confesso que ainda não sei porquê isso acontece: já culpei minha voz, minha falta de dicção, minha timidez... Não importa, quando escrevo nada disso interfere.

Logo que aprendi a escrever, passei a escrever cartas pra amigos, familiares... Comecei vários diários, mas eram escritas monótonas demais até pra mim. Durante esse meio tempo, percebi que eu aumentava sempre algum pontinho das histórias que eu via ou ouvia, só pra ficar mais legal, e sempre gostava mais da minha versão. De repente, passei a ter a necessidade de escrever tudo.

Chorando, escrevia. Rindo muito, escrevia. Sem sono, escrevia. Sonhando acordada, escrevia. Pra guardar algo pra sempre, escrevia. Aí minha redação de férias foi parar no livro de ouro (caderno encapado com plástico dourado, reunindo as melhores redações do ano) da 2ª série do colégio.

O primeiro estalo para eu querer levar esse negócio a sério de verdade veio de tanto meu tio Eduardo dizer o quanto eu escrevo bem e o quanto ia ser legal escrever livros. Minha mãe já me falava isso, mas eu agia da mesma maneira como quando ela diz que eu sou linda. Além disso, achava que ia acabar o meu amor se eu dependesse da minha escrita pra viver (o mesmo que eu achava com a dança).

No 9º ano descobri que esse negócio de escrever fatos corriqueiros sob a sua perspectiva é chamado de crônica, e então era isso que eu queria escrever. Com a Thalita Rebouças aprendi que esse negócio de ouvir conversa dos outros e ficar reparando nas coisas mais bobas do dia a dia só pra ter o que escrever não é coisa de maluco. Com a Clarice Lispector aprendi que quando não escrevo, estou morta.

Depois de ver uma colega minha publicando seu próprio livro (acho que já falei dela aqui) e querer loucamente fazer o mesmo, ter ganho o Concurso de Redação do colégio por 2 anos consecutivos, ouvir da minha melhor professora de redação que eu sou uma Martha Medeiros, o fato a seguir foi a gota d'agua:

Estava eu e mais 2 amigos, quando uma delas disse, do nada:
- Kim, você escreve, né?
- Claro, ela foi alfabetizada, dã. - O outro respondeu antes de mim. Eu ri.
- Ela entendeu o que eu quis dizer, besta. - Entendi, mesmo.
- Escrevo sim, amadoramente. - Respondi, ainda rindo e sabendo que aquele fora o primeiro passo para remover as aspas da minha primeira frase desse texto.

4 comentários:

cecilia disse...

Caraca !!!! Só não pode desistir agora no final do segundo tempo da sua carreira de juíza !!!! rsrsrsrs , pode sim ....fazer o que você quiser.
Porém como juíza você também terá que escrever muito e o principal que serão estórias verídicas como eu gosto rsrsrsr

Rebeca Kim disse...

Se eu desistir, vai ser pra ganhar tanto dinheiro quanto, então relaxa que sua velhice está segura. Mas, não sei se já te falei isso, tenho uma noticia ruim pra você: Thalita Rebouças e Clarice Lispector, sabe o que elas tem em comum? Tinham certeza que queriam fazer faculdade de direito, passaram, fizeram e desistiram no meio do caminho!

cecilia disse...

rsrsrsrsrsr já falei para você que poderá fazer o que quiser menos desistir no meio do caminho , termine e depois inicie outra coisa nunca deixe as coisas pela metade.

Rebeca Kim disse...

oook...