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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Defina Preconceito

Era a última aula do dia: Educação Física. Estava um calor monstruoso. Eu estava morrendo de fome, doida de vontade de ir embora. Tinham duas turmas tendo aula na quadra ao mesmo tempo – devido ao acontecimento da chuva que tiveram de isolar as outras quadras e etc – e por isso a aula era meio livre para todos. Ficou um aglomerado de pessoas, bolas, pernas e braços tão louco, que eu encostei no lugar mais ventilado e fiquei observando e rindo do desastre que era minhas amigas jogando futebol.

Percebi a presença do professor encostado do meu lado, de braços cruzados. Pensei que ele fosse chamar minha atenção por eu não estar fazendo nada, então já fui pensando numa desculpa considerável, mas ele interrompeu meus pensamentos com aquela voz irritante:
_ Coloquei você como destaque da turma. Aliás, você é totalmente destacável em tudo! Pra você não tem tempo ruim, né? Enquanto tem muita gente sem nenhuma limitação fisica que fica vendo a vida passar… – e continuou com o mesmo discurso filosófico que eu já ouvi diversas vezes.

Ouvi as baboseiras dele com cara de tédio – a mesma desde que começou a aula – e no final disse um simples “obrigada” seguido de um sorriso amarelo forçado.

Depois que a aula finalmente terminou, fiquei conversando com minhas amigas como de costume. Enquanto uma delas foi beber água, a outra sentou num banco e eu encostei na frente do banco. Conversamos sobre inutilidades casuais, rimos de besteiras banais, coisas assim.

_ Rebeca, levanta daí! – Minha amiga chegou querendo sentar. Não havia nem um pingo de ironia ou brincadeira no tom de voz dela.
_ Levanta? – Eu questionei, rindo. Percebi que só então ela percebeu o que tinha dito, e também riu.

9 comentários:

um saco ter que colocar sempre o nome...mamãe preguiça disse...

Bom ... definir preconceito é um pouco complicado ...mas vejo que essa palavra não está no vocabulário de suas amigas nem das outras pessoas de sua escola pois como voce mesmo diz : não consegue dispensa das aulas de ed. física, não consegue furar a fila na cantina, não se livra das brincadeiras de esconde-esconde de estojo, nem muito menos de se levantar da cadeira para dar lugar a outra amiga, rsrsrsrs . que bom que no meio que voce vive não se existe o famoso preconceito!

Rebeca Kim disse...

depois a preguiçosa sou eu! hahaha e é só banir o professor da face da terra que ta tudo certo

Cláudio disse...

"Levanta daí!" Como a mãe falou, é a total ausência de preconceito...rsrsrs...
Acho que os "preconceitos" surgem da ausência ou do pouco conhecimento. Talvez a nossa aversão ao diferente, acaba nos afastando e causando um desconhecimento do outro... aí vem o preconceito. O que você acha ?

Rebeca Kim disse...

concordo! pouco conhecimento principalmente!

Jairo disse...

Brilhante...

Carlos Drummond de Andrade disse...

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

Rebeca Kim disse...

jairo, voce nao fez um comentario maior por falta de tempo, ou está tao brilhante que tirei palavras de um jornalista? rs

e, adoro esses lapsos literarios que surgem nos comentarios huahuahu

Anônimo disse...

fiquei sem palavras. aaah, você deve estar perguntando quem sou eu, né. ;x haha. sou a filha da Fátima, amiga de trabalho da sua mãe... ELa me falou do quão bem você escreve, e vim comprovar. Está de párabéns, menina! Beijos!

Rebeca Kim disse...

fica sua mãe falando de mim pra você e minha mãe falando de você pra mim, né? hahahaha muuito obrigada mesmo barbara, e pelo que me parece você também escreve muito bem! beijoos