- Já te falei que eu sempre fui muito pobre, né? - minha mãe começou aquelas mesmas histórias da infância dela. Ela dá sorte que eu gosto, mesmo quando ela conta a mesma coisa. Eu dei sorte que dessa vez foi diferente. - Eu sempre quis fazer aula de dança, mas até hoje é muito caro. Até fiz umas aulas de ginástica, natação, que eram de graça, mas eu queria mesmo era dançar.
Isso foi há um tempo atrás, quando eu descobri da onde veio tanta paixão pela dança. Desde então comecei a voltar a fita de quando eu tinha 5 anos.
Era 1999, e eu era só uma criança de 5 anos. Meu irmão nem tinha nascido ainda, e eu provavelmente não fazia idéia de qual talento eu tinha, ou do que eu queria fazer, e não queria saber também. Eis que surge uma mulher -
Anna Silvana Cavaliere, só porque vale a pena citar o nome dela. - me propondo a fazer aulas de dança - Argumentos atuais dela: Eu era muito bonitinha na minha cadeira de meio centímetro e minha mãe era uma japa safa. -. Eu nunca tinha pensado na hipótese, nem minha mãe, acredito eu. Relutei, que queria mesmo era fazer natação, mas aceitei.
Desde então me sujeitei a perder duas tardes na semana e dedicá-las a ensaios árduos e duros. Me sujeitei a ter de acordar diversos sábados pra ensaiar. Deixar de fazer várias coisas porque tinha espetáculo aquele dia.
Desde então aprendi a me superar, a sempre melhorar, a perder medos, a aceitar desafios. Aprendi que eu era capaz. Aprendi o significado de um aplauso, e o significado de milhares de aplausos. Já ouvi gritos e vi lágrimas
por mim.
Aprendi e cresci dançando. Agora eu era uma criança que sabia o que queria. Passei 8 anos da minha vida no palco, seja ele do
Teatro Municipal ou improvisado. Ninguém nunca me obrigou a nada.
Eu fui sim obrigada, mas 8 anos depois. Obrigada a parar de dançar. E isso já tem 2 anos. 2 anos sem subir no palco, só olhando-o de fora. E mesmo 2 anos depois, eu faria qualquer coisa pra tudo voltar ao que era antes, se eu pudesse. Tentei tocar piano, tento fazer tênis, mas não é isso o que eu realmente quero. Viveria dançando, se pudesse. O meu coração pede isso. Pede calado, triste, morrendo de saudades. E sempre vai ser assim.
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Preciso dar os devidos agradecimentos pelos responsáveis por isso tudo. Bom,
Anna Silvana Cavaliere, já citada.
Thereza Gondim e
Marcelle Pessanha. Além da minha
mãe, claro.